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segunda-feira, 30 de março de 2020

CONTO A PORTA ABERTA INTERPRETAÇÃO GABARITO 6º ANO PAG. 24 ALPHA


CONTO  A PORTA BERTA INTERPRETAÇAÕ
FONTE: Costa, Cibele Lopresti, Geração Alpha Língua portuguesa: ensino fundamental: anos finais: 7ºano­­-2ª ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.


       O conto que você vai ler agora foi escrito pelo britânico Saki. Considerado um mestre nesse gênero. Suas narrativas são, muitas vezes, dotadas de tom macabro e desfechos surpreendentes. Em a Porta Aberta, não é diferente. Ela narra a história de Framom Nuttel , um homem que viaja para um retiro rural para passar por um tratamento de nervos, no entanto ao chegar em seu destino, depara-se com pessoas de hábitos estranhos. Como você imagina que ele será recebido pelos moradores desse lugar?

A PORTA ABERTA
SAKI
(Hector Hugh Munro -1870 1916)




       — Minha tia já vai descer, sr. Nuttel — disse uma jovem dama de 15 anos, muito segura de si. — Enquanto isso, o senhor terá de me aturar.
       Framton Nuttel procurava dizer algo apropriado que lisonjeasse devidamente a sobrinha no momento sem indevidamente menosprezar a tia de logo mais. De si para si duvidava, mais do que nunca, que visitas de cortesia, como essa, a uma série de pessoas estranhas, beneficiassem muito o tratamento de nervos a que pretendiam submetê-lo.
       — Já sei como vai ser a coisa — dissera-lhe a irmã quando ele preparava sua retirada para aquele recanto de província. — Você vai-se enterrar ali sem falar a vivalma, e vai-se aborrecer tanto que os seus nervos ficarão piores do que nunca. Pelo sim, pelo não dou-lhe umas cartas de recomendação para todas as pessoas do lugar minhas conhecidas. Algumas delas, ao que me lembro, são bem agradáveis.
      Framton perguntava a si mesmo, agora, se a sra. Sappleton, a quem vinha apresentar uma daquelas cartas, pertencia ao grupo agradável.
      — O senhor conhece muita gente aqui? — perguntou a sobrinha quando julgou que já tinham tido entre si bastante silêncio.
      — Quase ninguém — respondeu Framton. — Minha irmã passou aqui algum tempo na reitoria, há uns quatro anos, e deu-me cartas de apresentação para várias pessoas daqui.
      Estas últimas palavras foram pronunciadas em tom de manifesto pesar.
      — Então o senhor não sabe praticamente nada a respeito de minha tia? — perguntou a jovem dama, segura de si.
      — Nada, a não ser o nome e o endereço — reconheceu o visitante.
      Nem sabia se a Sra. Sappleton era casada ou viúva. Um não sei quê indeterminável parecia sugerir a existência de homens na casa.
      — Pois a grande tragédia dela ocorreu há três anos — declarou a menina     —, quer dizer, após a visita da irmã do senhor.
     — Tragédia? — perguntou Framton.
     Naquele cantinho tranquilo de província parecia não haver lugar para tragédias.
      — O senhor poderia perguntar por que deixamos esta porta-janela aberta numa tarde de outubro — disse ela, indicando uma larga porta que dava sobre um relvado.
      — Está muito quente para a estação — observou Framton —, mas será que essa porta tem algo que ver com o drama?
       — Foi por ela que, há três anos menos um dia, o marido de minha tia e seus dois jovens irmãos saíram para a caça. Nunca voltaram. Ao atravessarem o brejo para chegar ao seu lugar favorito, onde costumavam caçar narcejas, os três foram tragados por um pântano traiçoeiro. Naquele ano o verão tinha sido muito úmido, o senhor sabe, e trechos seguros do caminho em outros anos cediam de repente sem dizer água-vai. E — o que há de mais horrível — os corpos nunca foram encontrados.
      Aqui a voz da menina perdeu o tom firme e tornou-se hesitante, humana:
      — A pobrezinha da titia sempre pensa que eles um dia voltarão, eles e o pequeno sabujo castanho que com eles se perdeu, e vão entrar pela porta, como habitualmente faziam. É por isso que a deixam aberta todas as tardes, até o cair do crepúsculo. Pobre titia! Mais de uma vez me contou como eles foram embora, seu marido com o impermeável branco sobre o braço, e Ronnie, seu irmão mais moço, cantando “Bertie, por que estás pulando?”, com que habitualmente a agastava, porque ele dizia que aquilo a irritava muito. Sabe? Às vezes, em noites tranquilas, silenciosas como esta, eu tenho uma espécie de calafrio: parece-me que os vejo todos entrar por aquela porta.
      Interrompeu-se, com um leve tremor. Foi para Framton verdadeiro alívio quando a tia irrompeu no salão multiplicando desculpas por não haver aparecido antes.
      — Espero que Vera o tenha divertido — disse.
      — A conversa dela tem sido muito interessante — declarou Framton.
       — Espero que a porta aberta não o esteja incomodando — disse a sra. Sappleton com vivacidade. — Meu marido e meus irmãos vão chegar da caçada, e eles sempre entram por aqui. Hoje foram caçar narcejas no paul, e vão sujar completamente os meus pobres tapetes. São coisas de homem, não é?
       Continuou a tagarelar sobre a casa e a escassez de aves e as perspectivas de haver patos no inverno. Para Framton tudo aquilo era simplesmente horrível. Fez um esforço desesperado, mas só em parte bem-sucedido, a fim de encaminhar a conversa a outro assunto menos horroroso; sentia que a dona da casa só lhe consagrava parte de sua atenção, pois seus olhares iam, sem parar, em direção à porta aberta e ao relvado. Fora, na verdade, uma coincidência infeliz que o trouxera àquela casa precisamente naquele aniversário trágico.
      — Os médicos são unânimes em me aconselhar repouso absoluto, abstenção de qualquer excitação mental e de qualquer exercício físico de certa violência — anunciou Framton, que sofria da ilusão, muito espalhada, de que pessoas de todo estranhas a nós, ou conhecidas por acaso, ficam ávidas de conhecer até os mínimos pormenores de nossas doenças e enfermidades, de sua causa e seu tratamento. — Eles só não estão de acordo quanto ao regime     — acrescentou.
     — Não? — perguntou a sra. Sappleton num tom que ainda em tempo substituiu um bocejo.
     Depois, de repente, seu rosto se aclarou num ar de atenção, mas não àquilo que Framton dizia.
      — Afinal chegaram! — exclamou. — Justo à hora do chá. Mas não vê que estão cheios de lama até os olhos?
      Framton estremeceu de leve e voltou-se para a sobrinha com um olhar destinado a comunicar-lhe uma compreensiva solidariedade. A mocinha estava com os olhos fixos na porta, cheios de horror e estupefação. Num frio choque de medo inominável, Framton virou-se na sua poltrona e olhou para a mesma direção.
      No crepúsculo cada vez mais escuro três vultos atravessavam o relvado em direitura à porta; os três sobraçavam espingardas, e um deles tinha também uma capa branca, pendente de um dos ombros. Um sabujo castanho, cansado, seguia-lhe as pegadas. Sem barulho chegaram à casa, até que uma voz moça e rouca se pôs a cantar no lusco-fusco: — “Bertie, por que estás pulando?”
      Framton agarrou compulsivamente a bengala e o chapéu; a porta do vestíbulo, o passeio de cascalho e o portão da frente foram as etapas confusamente notadas de sua precipitada fuga. Um ciclista que vinha pela estrada teve de se encostar à cerca para evitar uma colisão.
        — Chegamos, querida — disse o da capa branca entrando pela porta. — Estamos cheios de lama, mas quase toda seca. Mas quem foi que fugiu daqui à nossa chegada?
      — Um homem esquisitíssimo, um certo sr. Nuttel — disse a sra. Sappleton.   — Só sabia falar das próprias doenças, e sumiu sem uma palavra de adeus ou de desculpa quando vocês entraram. Dir-se-ia que viu um fantasma.
       — Parece-me que foi o sabujo — disse calmamente a sobrinha. — Ele me contou que tinha horror a tudo quanto é cachorro. Certa vez foi perseguido, num cemitério lá nas margens do Ganges, por uma matilha de cães párias, e teve de passar a noite numa cova recém-aberta, com os bichos a rosnar, a espumar, a arreganhar os dentes para ele. O bastante para a gente ficar com os nervos abalados. Ela estava-se especializando em improvisar histórias.

1. A recepção dos moradores ao senhor Nuttel foi aquela que você havia imaginado?
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2. No início do conto, sabemos da viagem que Framton Nuttel faz para um retiro rural e da visita à Sr. Sappleton.
a) O que leva o sr. Nuttel a fazer essa viagem?
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b) Por quê ele foi visitar a sr. Sappletoon?
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c) Como o sr. Nuttel se sente ao chegar à casa da sra. Sappleton? Identifique no texto um trecho que comprove sua resposta.
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3. Em que espaço a história acontece/
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4. Em que período de tempo ocorrem as ações narradas?
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5. Releia o início do conto:
“ _ Minha tia já vai descer, sr nuttel _ Disse uma mocinha de quinze anos muito senhora de si. _ enquanto isso, o senhor pode ir me aguentando.”
a) Qual o significado da expressão senhora de si?
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b) O que essa expressão antecipa sobre a personalidade da personagem Vera e que o leitor percebe ao longo do  conto?
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c) No segundo paragrafado do conto,  identifique três expressões que revelam ao leitor que o sr. Nuttel tem uma personalidade oposta á de Vera.
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6. Sobre as personagens do conto, responda as questões.
a) quais são as principais personagens desse conto? Descreva-as.
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b) No início da narrativa, Vera parece ser uma garota acolhedora. Essa impressão sobre a personagem se mantém ao final da leitura? Explique.
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7.No caderno indique as alternativas verdadeiras(V) e as falsas(F) a respeito do conto.
a) A Sra. Sappleton  nega a morte do marido e dos irmãos; por isso a porta da casa fica o tempo todo aberta.
b) Ela deixa a porta aberta, pois os familiares vão retornar de uma caçada.
c) O Sr. Nuttel  decide viajar para o campo para cuidar da saúde , mas não gosta das pessoas que o recebem no local.
d) O Sr. Nuttel vai viver na zona rural para fugir de uma perseguição de um bando de vira-latas que prejudica os nervos dele.

8. Em geral, nos contos, há um momento em que a tensão da narrativa alcança seu auge. Que trecho corresponde a esse momento no conto lido. Explique.
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ANOTE AÍ
No conto, o conflito torna-se cada vez mais tenso, até atingir seu auge. É o que chamamos de clímax, ou seja, o momento em que o interesse e a expectativa do leitor pelo que acontecerá em seguida se elevam ao máximo, anunciando o desfecho.

GABARITO:

1.         Resposta pessoal Professor, aproveite este momento para, além de verificar a hipótese levantada antes da leitura, perguntar se a turma gostou ou não do conto Dessa forma, e possível ter um breve diagnóstico das experiências de leitura dos alunos

2.        

a) Um tratamento de nervos.

b) Porque sua irmã recomendou que ele entregasse uma carta de apresentação à Sra. Sappleton

c)         Pela irmã

d)         Ele se sente desconfortável "Framton Nuttel se esforçou por dizer algo adequado".

 

3.         Na casa da Sra. Sappleton, em uma região rural.

 

4.         Em uma tarde

 

5.        

a) Significa que a pessoa é segura, tem certeza do que sabe e de como deve agir.

b)         A autoconfiança de Vera

c)         As expressões se esforçou, duvidava e supostamente mostram o modo como o sr. Nuttel é inseguro e pessimista.

6.         a) Vera, Sra. Sappleton e sr Nuttel Vera é uma adolescente autoconfiante e inventiva. Sra. Sappleton é cordial Sr. Nuttel, por sua vez, é pouco sociável, inseguro e sofre dos nervos.

b) Não No fim da história, o leitor conhece o verdadeiro interesse de Vera: não era o de acolher o visitante, mas o de lhe pregar uma peça ou até mesmo de afastá-lo

7.        

a) F

b)V

c)V

d)F

 

8.         No conto lido, o trecho que corresponde a esse momento é quando o marido e os irmãos da sra. Sappleton atravessam o gramado rumo à porta, todos SUJOS de lama, voltando da caçada. Assustado, o sr. Nuttel foge.



PAGINA 28

9.De acordo com Vera, o que houve com a família de sua tia? A história contada por ela ao sr. Nuttel se confirma no desfecho? Justifique

10.No conto, "porta aberta" tem diferentes significados. No caderno, relacione as afirmativas aos nomes, de acordo com o que a expressão "porta aberta" significa para cada personagem.

I. A porta aberta é o local por onde os familiares da sra Sappleton, Já mortos,

podem passar a qualquer momento

II. A porta aberta permite avistar a família que volta da caça

IlI. A porta aberta inspira a mação de uma história inusitada

a) Vera

b)Sra Sappleton

c)Sr Nuttel

 

O FOCO NARRATIVO

11.       Qual é o foco narrativo desse conto? Justifique com trechos do texto.

12.       Quais são as características do narrador dessa história?

13.       Releia o trecho a seguir e responda às questões

 

Frampton se perguntava ,e d sra Sappleron. a dama d quem ia entregar urna da, cartas de apresentação. esta, a no grupo da, agradáveis

- O senhor conhece muita gente aqui da, redondeza,' - perguntou a sobrinha. quando Julgou que Já tinham ficado tempo bastante em silêncio

- Quase ninguém - disse Framton - lminha irmã passou um tempo aqui, sabe, na casa paroquial. um quatro anos atrás e me deu cartas de apresentação par d alguma, d,is pessoas daqui

A escolha do foco narrativo determina o tipo de narrador isto é, a voz que contará a historia Existem dois tipos de foco narrativo

Em primeira pessoa quando a narrativa e contada pela voz de um narrador que participa da história, um narrador-personagem

Em terceira pessoa quando a história é contada pela voz de um narrador que não participa dos acontecimentos Ele pode se mostrar como um narrador onisciente, quando revela aos leitores as ações, os sentimentos e os pensamentos das personagens, ou um narrador observador, quando não participa dos acontecimentos e adota uma perspectiva mais neutra e que parece imparcial

'----

14.Como podemos classificar o narrador do conto "A porta aberta", onisciente ou observador? Justifique sua resposta com trechos do conto.

 

GABARITO

15.No conto, há duas narrações. A principal, da visita do sr. Nuttel, e a secundá­ria, do caso inventado por Vera. Sobre essa narrativa secundária, indique no caderno a alternativa correta.

a)É uma narrativa objetive e impessoal em terceira pessoa, que expressa uma visão neutra do episódio

b)É uma narrativa mais subjetiva, em primeira pessoa, que expressa o que seria um pavor da personagem diante do episódio

 

 

9.Segundo Vera, a família 101 engo­lida por um lodaçal ao atravessar um pântano. Os corpos do marido e dos dois irmãos mais novos da tia nunca foram encontrados O desfecho mostra que essa historia havia sido inventada por Vera. Na verdade, os três estavam vivos

10.

I-c;

II-b;

IlI-a.

 

11.0 foco narrativo do conto é em ter­ceira pessoa. Trechos que JUSt1f1- cam a resposta "Framton Nuttel se esforçou para dizer algo ade­quado"; "Ela emendou, alegremen­te, acerca da caça e da escassez de aves, e sobre as perspectivas do in­verno quanto a patos", entre outros

12.É um narrador em terceira pes­soa, que não participa da história, mas sabe tudo que ocorre nela.

13.Poss1b1l1dade de resposta· "Eu me perguntava se a sra. Sappleton, a dama a quem eu entregaria uma das cartas, estava no grupo das agradáveis Foi então que a sobri­nha perguntou·

- O senhor conhece muita gente aqui das redondezas?

Eu disse que não conhecia qua­se ninguém, mas que minha irmã havia passado um tempo na casa paroquial, uns quatro anos atrás, e que havia me dado cartas de apresentação para algumas pes­soas da região "

14.É um narrador onisciente. Ele sa­be desde o início que a menina é inventiva e da pequenas pistas ao leitor, mas só no final revela a ca­pacidade de invenção de Vera Ou seja, ele conhece de antemão as ações e os sentimentos da perso­nagem da história.

15.Alternativa correta


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