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domingo, 15 de março de 2020

CONTO 6º ANO O BEIJO DA PALAVRINHA MIA COUTO INTERPRETAÇAÕ


CONTO O BEIJO DA PALAVRINHA MIA COUTO
O Beijo da Palavrinha (Mia Couto)

     Era uma vez uma menina que nunca vira o mar. Chamava-se Maria Poeirinha. Ela e a sua família eram pobres, viviam numa aldeia tão interior que acreditavam que o rio que ali passava não tinha nem fim nem foz.
       Poeirinha só ganhara um irmão, o Zeca Zonzo, que era desprovido de juízo. Cabeça sempre no ar, as ideias lhe voavam como balões em final de festa. Na miséria em que viviam, nada destoava. Até Poeirinha tinha sonhos pequenos, mais de areia do que castelos.
       Às vezes sonhava que ela se convertia em rio e seguia com passo lento, como a princesa de um distante livro, arrastando um manto feito de remoinhos, remendos e retalhos. Mas depressa ela saía do sonho, pois seus pés descalços escaldavam na areia quente. E o rio secava, engolido pelo chão.
       Um certo dia, chegou à aldeia o Tio Jaime Litorânio, que achou grave que os seus familiares nunca tivessem conhecido os azuis do mar.
       Que a ele o mar lhe havia aberto a porta para o infinito. Podia continuar pobre mas havia, do outro lado do horizonte, uma luz que fazia a espera valer a pena. Deste lado do mundo, faltava essa luz que nasce não do Sol, mas das águas profundas.
       A fome, a solidão, a palermice do Zeca, tudo isso o Tio atribuía a uma única carência: a falta de maresia. Há coisas que se podem fazer pela metade, mas enfrentar o mar pede a nossa alma toda inteira. Era o que dizia Jaime.
      - Quem nunca viu o mar não sabe o que é chorar!
       Certa vez, a menina adoeceu gravemente. Num instante, ela ficou vizinha da morte. O Tio não teve dúvida: teriam que a levar à costa.
      Para que se curasse, disse ele. Para que ela renascesse tomando conta daquelas praias de areia e onda. E descobrisse outras praias dentro dela.
       - Mas o mar cura assim tão de verdade?
       - Vocês não entendem? - respondia ele. - Não há tempo a perder. Metam a menina no barco que a corrente a leva em salvadora viagem.
       Contudo, a menina estava tão fraca que a viagem se tornou impossível. Todos se aproximavam da cabeceira e ali ficavam sem saber o que fazer, sem saber o que dizer. A mãe pegou nas mãos da menina e entoou as velhas melodias de embalar. Em vão. A menina apenas ganhava palidez e o seu respirar era o de um fatigado passarinho. Já se preparavam as finais despedidas quando o irmão Zeca Zonzo trouxe um papel e uma caneta.
       - Vou-lhe mostrar o mar, maninha.
      Todos pensaram que ele iria desenhar o oceano. Que iria azular o papel e no meio da cor iria pintar uns peixes. E o Sol em cima, como vela em bolo de aniversário. Mas não. Zonzo apenas rabiscou com letra gorda a palavra

                                             MAR


      Apenas isso: a palavra inteira e por extenso.
       O menino ficou olhando para a folha parecendo que não entendia o que ele mesmo escrevera.  Antes mesmo que ele dissesse alguma coisa, a irmã murmurou, em débil suspiro:
       -Não vale a pena, mano Zonzo. Eu já não distingo letra, a luz ficou cansada que já não se consegue levantar.
       -Não importa, Poeirinha. Eu lhe conduzo o dedo por cima do meu.
       Os pais chamaram o moço à razão, ele que poupasse a irmã daquela tontice e que a deixasse apenas respirar. Mas Zeca Zonzo fingiu não escutar. Ele tomou na sua mão os dedos magritos de Maria Poeirinha e os guiou por cima dos traços que desenhara.
       -Vês esta letra, Poeirinha?
      -Estou tocando sombras, só sombras, só.
      Zeca Zonzo levantou os dedos da irmã e soprou neles como se corrigisse algum defeito e os ensinasse a decifrar a lisa brancura do papel.
      -Experimente outra vez, mana. Com toda a atenção. Agora, já está sentindo?
     -Sim. O meu dedo já está a espreitar.
     -E que letra é?
      E sorriram os dois, perante o espanto dos presentes.  Como se descobrissem algo que ninguém mais sabia. E não havia motivo para tanto espanto. Pois a letra m é feita de quê?
      É feita de vagas, líquidas linhas que sobem e descem.
      E Poeirinha passou o dedo a contornar as concavidades da letrinha.
     -É isso, manito. Essa letra é feita por ondas. Eu já as vi no rio.
     -E essa outra letrinha, essa que vem a seguir?
     Essa a seguir é um  a
     É uma ave, uma gaivota pousada nela própria, enrodilhada perante a brisa fria.
      Em volta todos se haviam calado. Os dois em coro decidiram não tocar mais na letra para não espantar o pássaro que havia nela.
     -E a seguinte letrinha?
     E os dedos da menina magoaram-se no r duro, rugoso, com suas ásperas arestas.
     O Tio Jaime Litorâneo, lágrima espreitando nos olhos, disse:
     - Calem-se todos: já se escuta o marulhar!
      Então do leito de Maria Poeirinha se ergueu a gaivota branca, como se fosse um lençol agitado pelo vento. Era Maria Poeira que se erguia? era um simples remoinho de areia branca?
Ou era ela seguindo no rio, debaixo do manto feito de remoinhos, remendos e retalhos?
      Ainda hoje, tantos anos passados, Zeca Zonzo, apontando o rosto da sua irmãzinha na fotografia, clama e reclama.
          -Eis minha mana poeirinha que foi beijada pelo mar. E se afogou numa palavrinha.

1. No Conto lido há uma sequência de fatos que envolvem alguns personagens. Levando em conta o que você entendeu, qual é o assunto do conto?
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2. Associe cada parte do conto com a uma das afirmações a seguir, numere de I a IV.
a) situação inicial: a apresentação dos personagens.
b) complicação: o fato que muda a situação inicial.
c) ações dos personagens e suas consequências.
d) desfecho.
I. A menina adoece gravemente
II. A menina compreende o sentido da palavra mar.
III. Maria Poeirinha vive com sua família em uma aldeia.
IV. O irmão da poeirinha mostra á irmã como é o mar.

3. A história tem, dentre os personagens, a menina Maria Poeirinha.
a) Ela pode ser considerada a personagem principal ou uma personagem secundária? Explique.
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b) Como a menina é caracterizada?
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c) Que relação se pode estabelecer entre o nome dado à menina e a condição dela no ambiente em que vive?
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4. Ao contar uma história, o narrador  situa a narrativa em algum lugar do espaço e do tempo.
a) Como é caracterizado o local em que vive os personagens?
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b) De que modo o narrador enfatiza esse isolamento entre a aldeia e o resto do mundo? Explique sua resposta com elementos do texto.
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c) De acordo com o contexto do conto, como você imagina o ambiente em que as personagens vivem?
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d) Como é caracterizado o tempo?
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5. No conto Tio Jaime Litorâneo chega e, com ele, opõem-se dois mundos. Releia.
“Que a ele o mar lhe havia aberto a porta para o infinito. Podia continuar pobre mas havia, do outro lado do horizonte, uma luz que fazia a espera valer a pena. Deste lado do mundo, faltava essa luz que nasce não do Sol, mas das águas profundas.”
Para o Tio Jaime o que era estela do mundo? E o que era o outro lado do horizonte?
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6. De acordo com o contexto do conto e com seus conhecimentos, que sentimentos e significados o personagem atribui ao mar?
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7. O conflito, em um conto, tem relação com um obstáculo que o personagem principal precisa enfrentar, podendo superá-lo ou não.
a) Em “O beijo da palavrinha” qual é o conflito?
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b) Qual a palavra ou expressão que dá inicio ao conflito nesse conto?
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c) O que foi sugerido para resolver o conflito? E de quem foi a ideia?
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d) A sugestão foi colocada em prática? Por quê?
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8. A partir da terceira parte do conto, o irmão de Maria Poeirinha dispõe-se a mostrar o mar para ela. Como reagem os pais , o Tio e poeirinha diante da iniciativa do menino?
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9. No início da história, o irmão da menina é considerado “desprovido de juízo”. Essa visão que a família tem dele se confirma no desenvolvimento da narrativa? Por quê?
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10.Qual ou quais das afirmações a seguir completam o sentido dessa frase: Ao conduzir Poeirinha na leitura da palavra mar, o irmão:
a) faz a menina sentir a emoção de conhecer o mar pela fantasia associada à palavra
b) ensina-lhe como se escreve essa palavra porque era o que ela desejava.
c) constrói o sentido do que era mar por meio da imaginação e da invenção.
d) torna o mar algo concreto por meio de imagens e do afeto pela irmã.

11. Poeirinha e sua família vivem em um ambiente de carência e desamparo, porém existe entre eles amor e solidariedade, além da esperança que não os deixa desanimar perante as didiculdades. De que modo os personagens relacionados a seguir expressam solidariedade e ajuda a menina doente?
a) A mãe.
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b) O tio.
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c) O irmão.
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12. Releia o desfecho do conto.

     “ Ainda hoje, tantos anos passados, Zeca Zonzo, apontando o rosto da sua irmãzinha na fotografia, clama e reclama.
          -Eis minha mana poeirinha que foi beijada pelo mar. E se afogou numa palavrinha.”
Como você entendeu o final dessa narrativa?
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RECURSOS EXPRESSIVOS
1 Em relação ao foco narrativo utilizado responda:
a) O conto foi narrado em 1ª ou 3ª pessoa?
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b) Em algum momento, o narrador participa da história, inserindo algum comentário? Se sim,  em que momento?
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2. No texto há presença de discurso direto e discurso indireto. Releia e compare.
Todos pensaram que ele iria desenhar um oceano – Discurso indireto
_ Vocês não entendem? – respondia ele.  - Discurso direto

a) Nesses trechos quais verbos são empregados para introduzir a fala dos personagens?
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b) Agora releia esse trecho de diálogo extraído do conto.
     “ -Experimente outra vez, mana. Com toda a atenção. Agora, já está sentindo?
     -Sim. O meu dedo já está a espreitar.
     -E que letra é?
      E sorriram os dois, perante o espanto dos presentes.”

Nesse fragmento, não existem verbos para introduzir as falas. Como você explica essa ausência de verbos?
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c) Releia agora esse trecho, em que foi utilizado o discurso indireto, construído de outra forma.

“O tio não teve dúvida: teriam que levar à costa.”
Que verbo pode substituir os dois pontos, mas que não seja o verbo dizer nem o verbo falar?
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51 comentários:

  1. Querido eu quero a resposta mim fala qual é por favor

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    1. BURRA, BURRA, BURRA, BURRA SUA IDIOTA

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    2. Ela não e burra se vc tá pesquisando e pq vc não sabe então o burro e vc

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    3. Eu não me lembro de que livro eu tirei essa atividade. Se vocês souberem qual é o nome do livro eu vou ver se tem o gabarito.

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    4. O livro e do 6 ano de lingua portuguesa (portugues conexao e uso)

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  2. Kd a resposta PORRA Ñ É O TEXTO Q EU QRO

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  3. Queria a resposta mais não tem aff

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  4. Eu quero as respostas dos exercícios

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  5. Kd a resposta porra Ñ É O TEXTO QUE EU QUERO

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  6. Cade a bosta da resposta NSS veyyyyyy

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  7. Eu quero a respostaaaaaaaaa🤨🙄

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  8. Cadê a resposta e ainda se diz professor

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  9. Eu quero saber o 8 9 10 11mais não bota 🙄😠😠😠

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    1. Chama os outros de burro por não saber mas não tem a resposta, tomara que tenha tirado 0 nessa atividade

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  10. Todos vieram aqui por causa da resposta e quebraram a cara. Inclusive eu 🤣🤣

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  11. MIA KALIFA POR HUD , XVIDIOS PRONTO😘😗😗👌👌👌👍👍👍CONFIA

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  12. Eu pensando que era um recurso sério,mas a pessoa só sabe xingar.triste.

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  13. gente pq quase todo mundo q veio aqui só veio atrás das respostas ?????
    isso é q é preguisa de estudar hein,poxa !!

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  14. aqua me dar todas as resposta pfvrrrr😭😭😭😭😭

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  15. Será que me enviaria as resposta da interpretação

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