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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O AÇÚCAR VOZES VERBAIS CEREJA 8º ANO

O açúcar – Ferreira Gullar VOZES VERBAIS

O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro

e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

1. O poema retrata inicialmente uma situação cotidiana: uma pessoa( o eu lírico) vai tomar um café e começa a fazer uma reflexão social sobre o açúcar que adoçará sua bebida. Assim, nasce uma contraposição entre duas realidades: de um lado, o espaço em que é produzido o açúcar e quem o produz: de outro, onde e por quem é consumido esse produto. Segundo o texto:
a) Quem produz e de onde vem o açúcar?
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b) Onde vive o eu lírico, consumidor desse açúcar, e qual é provavelmente sua classe social?
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2. O poema apresenta o emprego tanto da voz ativa quanto da voz passiva. Observe estes versos:
...o branco açúcar[...] / não foi produzido por mim.
 Mas este açúcar/ não foi feito por mim.
 a) Em que tipo de voz estão essas orações?
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b) Identifique nelas o agente da passiva.
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3. Observe, agora, estes versos:
homens que não sabem ler e morrem de fome/ plantaram e colheram a cana
homens de vida amarga / e dura / produziram este açúcar.
a) Transcreva o sujeito das formas verbais plantaram, colheram, e produziram e, em seguida, verifique se trata de sujeito agente ou paciente.
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 b) Transcreva o tipo de voz em que essas orações estão.
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4. Compare a 2ª estrofe com a última. A delicadeza do açúcar, apontada na 2ª estrofe, contrasta com a vida difícil dos trabalhadores dos canaviais. Que palavra (s) da última estrofe contrasta (m) com:
 a) a ideia de delicadeza da 2ª estrofe?
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b) a ideia de doçura do açúcar?
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c) a ideia de claridade do açúcar?
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5. Marque um X as afirmativas corretas quanto ao papel das vozes verbais na construção do texto:
a) O eu lírico se coloca às vezes como sujeito agente para indicar que ele é apenas o consumidor do açúcar: ( eu) adoço meu café.
b) O eu lírico diz: [ o açúcar] não foi produzido por mim. Apesar de o eu lírico desempenhar na oração a função sintática de agente da passiva, sua condição de agente, de transformador da cana, é negada.
c) O eu lírico considera o trabalhador das usinas o verdadeiro agente transformador da natureza e lhe dá o papel de sujeito agente: homens de vida amarga / e dura/ produziram este açúcar.
d) Os trabalhadores rurais, por não saberem ler nem escrever, são incapazes de, na vida real, transformar a natureza ou a sociedade.

6. Em não foi produzido por mim, o eu lírico se coloca fora do processo de produção do açúcar, pois ele não é um trabalhador rural. Apesar disso, também realiza um trabalho, com o qual denuncia a triste realidade dos trabalhadores rurais brasileiros.
a) Qual o provável trabalho do eu lírico?
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 b) Apesar de seu trabalho não interferir diretamente nos problemas sociais, o eu lírico pode contribuir para as transformações sociais? De que forma?
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