A VISITA ( WALCYR CARRASCO)
Há pessoas que ficam guardadas na alma da
gente. De repente minha memória ilumina um sorriso, uma palavra, um gesto de
alguém que não vejo há muito tempo. No último Dia das Mães, resolvi rever minha
antiga professora de ciências, dona Thelma. Estudei com ela no Instituto de
Educação Monsenhor Bicudo, em Marília, no interior de São Paulo, no tempo em
que o ensino médio era chamado de ginásio. Mas perdi o contato: fui criado na
cidade somente até os 15 anos. Quando minha família se mudou, veio completa.
Não deixamos parentes a quem visitar. Durante mais de quarenta anos, não voltei
a Marília. Sempre me lembrava de dona Thelma, mas, contraditoriamente, nunca a
visitei.
Uma ex-colega de classe, Malau, que
também só revi recentemente, localizou seu endereço. Minha mãe raramente
comparecia às festas escolares quando eu era garoto. Em um Dia das Mães os
alunos receberam rosas para oferecer. Entreguei a minha a dona Thelma, que, às
vezes, eu chamava de mãe, um pouco por malandragem. Certa vez, na fila do
cinema, dona Thelma chegou com o filho pequeno e me pediu para comprar seu
ingresso. O funcionário proibiu:
— Não pode comprar, ela tem de ir
para o fim da fila!
Gritei, muito espertinho: — Mas ela é
minha mãe!
— Ah, se é mãe, pode!
Passei a chamá-la de mãe e sempre
recebia um sorriso cúmplice de volta!
Em suas aulas contemplei a beleza das
células através do microscópio. Apaixonei-me pela teoria da evolução das
espécies. Ela me ensinou a pesquisar por conta própria, já que gostava tanto do
tema.
Assim, um pouco me sentindo como um
molequinho, apareci de surpresa em sua casa, em Marília. Em dúvida sobre o
presente adequado, levei uma caixa de bombons e o meu livro Anjo de Quatro
Patas. Ela me recebeu com o mesmo sorriso e os gestos leves, divertidos,
juvenis apesar dos seus 77 anos.
— Nem estou arrumada! Entre, entre!
Adorou os bombons, autografei o
livro. Serviu café com bolo. Quis saber da minha carreira. Eu, de sua vida:
teve cinco filhos. O mais velho mora nos Estados Unidos, a mais nova com ela.
Aposentada, dedica- se a seu marido, João Décio, professor de literatura da
Unesp, autor de quatro livros.
Falou da juventude, dos tempos de
pobreza durante a faculdade. Da vida de professora. Lembramos meus tempos de
escola. Mui tas vezes, na época, eu a visitava. Ela me dava xerox das poesias
que o marido usava como material para as aulas na universidade. Assim conheci
Fernando Pessoa e Florbela Espanca.
Mas durante todo o tempo da visita
tinha a sensação de que deveria ter levado um presente mais valioso. De repente
confessei:
— Odiamos quando você começou a nos
dar aulas!
— Verdade?
— Ainda me lembro da primeira prova.
Decorei tudo. Só caíram perguntas que exigiam raciocínio! Foi um desastre.
Ela riu.
— Sempre fui contra a decoreba.
— Depois eu comecei a juntar uma
coisa com a outra. Você também me mostrou como fazer pesquisa. Fiz uma pausa,
procurando as palavras certas.
— Tudo o que aprendi com você me
acompanha até agora, Thelma. Sabe, você me ensinou a pensar. Eu não teria me
tornado quem sou hoje se você não tivesse sido minha professora.
Compreendi que meu verdadeiro
presente estava além do material. Era meu profundo agradecimento por ela ter
existido em minha vida. O brilho de seus olhos me disse quanto se sentiu
gratificada. Eu também, pela oportunidade de dizer que ela se tornou inesquecível
não só para o garoto que eu fui, mas também para o homem em que me transformei.
1. A crônica
“ A visita” narra o reencontro, depois de anos, do narrador com sua
ex-professora de Ciências , dona Thelma.
a) Que
sentimento ele, agora adulto, cultiva em relação a sua professora?
.......................................................................................................................
b) Por que
ele perdeu contato com sua ex-professora?
.......................................................................................................................
c) Por que
ele considera contraditório nunca tê-la visitado?
....................................................................................................................
2.
O narrador comenta: “No último Dia das mães, resolvi rever minha antiga
professora de Ciência dona Thelma”. Por que se lembrou da professora e resolveu
revê-la justamente no dia Das Mães?
.......................................................................................................................................................................................................................................................................
3.
A professora de Ciências marcou a vida do narrador.
a)
De que ele mais gostava em sua professora?
................................................................................................................................
b)
Do que não gostou? Por quê?
..................................................................................................................................
c)
Em relação ao que não gostou em sua professora, hoje ele ainda pensa assim?
...................................................................................................................................
4.
Releia este trecho e levante hipóteses.
“
Em dúvida sobre o presente adequado, levei uma caixa de bombons e o meu livro
Anjo de Quatro patas”
a)
Qual é a profissão do narrador?
....................................................................................................................................
b)
Em que medida a professora pode ter contribuído para que ele despertasse para
essa profissão?
.......................................................................................................................................
5.
Em certo momento da conversa, ele procura “as palavras certas”. No contexto, o
que isso significa?
......................................................................................................................................
6.
Observe o trecho: “Mas durante todo o tempo da visita tinha a sensação de que
deveria ter levado um presente mais valioso”.
a)
Nesse momento, o que ele estava imaginando que fosse um “presente mais
valioso”?
......................................................................................................................................
b)
Aos poucos, entretanto, o narrador percebe que já estava dando a ela um
presente ainda mais valioso. Qual era ele?
.......................................................................................................................................
c)
Ele, que foi levar um presente á sua professora, também foi presenteado?
Explique.
......................................................................................................................................
7.
Considerando que o narrador visita sua ex-professora no Dias das mães e gostava
de chama-la de “mãe” quando era menino, você acha que o que o narrador sente
por sua professora é uma forma de amor?
..................................................................................................................................................................................................................................................................
8.
E você também teve um professor especial, que marcou a sua vida? Se sim, conte
para seus amigos.
R.
pessoal
Boa tarde professor o senhor poderia me ajudar dando as respostas? Pois estou precisando muito e não estou conseguindo responder. Desde já agradeço. Preciso das respostas muito ainda hoje
ResponderExcluirQueroo respostas!!
ResponderExcluirQuero resposta
ResponderExcluir1-A amor carinho adimiracao e gratidã
ResponderExcluirB-porque saiu da cidade ainda jovem .
C- porque ele gostava muito dela e seria mormal que ele a vitasse.
Quero Respostas
ResponderExcluirAlguém nn tem as resposta do 1 ao 8
ResponderExcluirPor favor me ajudem
ResponderExcluirResposta
ResponderExcluirAlguém tem o resumo?
ResponderExcluirResposta
ResponderExcluir