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sábado, 25 de fevereiro de 2017

CRONICA INTERPRETAÇÃO 6º ANO O MELHOR AMIGO

O melhor amigo
 
      A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente à distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, deu uma corridinha na direção de seu quarto.
      - Meu filho? – gritou ela.
      - O que é? – respondeu, com ar mais natural que lhe foi possível.
      - Que é que está carregando aí?
      Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ganhar tempo:
      - Eu? Nada...
      - Está sim. Você entrou carregando uma coisa.
      Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar, o jeito era procurar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:
      - Olha aí, mamãe: é um filhote...
      Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
      - Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
      - Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?
Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de ISSO. Insistiu ainda:
      - Deve estar com fome, olha a carinha que ele faz.
      - Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
      - Ah! Mamãe... – já compondo cara de choro.
     - Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Já disse que não quero animais aqui em casa. Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda inventar uma amolação dessas.
      O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima. Voltou para o quarto emburrado: a gente também não tem nenhum direito nessa casa – pensava. Um dia ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado dessa maneira!
      - Que diabo também, nessa casa tudo é proibido! – gritou lá do quarto, e ficou esperando a reação da mãe.
      - Dez minutos! – repetiu ela, com firmeza.
      - Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
      - Você não é todo mundo.
      - Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não faço mais nada.
      - Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a costura.
      - A senhora é ruim mesmo, não tem coração.
      - Sua alma, sua palma.
Conhecia bem a mãe, sabia que não havia apelo: tinha dez minutos para brincar, com seu novo amigo, e depois... Ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:
      - Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.
      - Ah, mamãe deixa! – choramingou ainda.
      - Meu melhor amigo, não tenho mais ninguém nessa vida...
      - E eu? Que bobagem é essa, você não tem a sua mãe?
      - Mãe e cachorro não é a mesma coisa.
      - Deixa de conversa: obedece a sua mãe.
Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou a se preocupar: meninos nessa idade, uma injustiça praticada e eles perdem a cabeça, um recalque, complexos, essa coisa toda...
Meia hora depois, o menino voltava da rua, radiante:
      - Pronto, mamãe!
E lhe exibia uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.
      - Eu devia ter pedido cinqüenta, tenho certeza de que ele dava – murmurou pensativo.

Fonte: “A Vitória da Infância” -  Fernando Sabino - Editora Ática








QUESTÕES:

1.Por que o menino pensou que a mãe não tinha visto o que ele carregava?

2.Copie do texto duas frases que o menino utilizou para emocionar sua mãe e assim convencê-la a ficar com o cachorrinho.

3.Quando o menino saiu de casa, sua mãe ficou preocupada por ter sido tão rigorosa e pensou que o fato de ter mandado o cachorro embora poderia trazer conseqüências mais graves, pois seu filho ficaria muito triste. Essas preocupações da mãe se confirmaram? Por quê?

4.Releia o título do texto:

O melhor amigo

Agora responda à seguinte questão: O autor do texto escolheu esse título porque:
a.    (   ) O cachorro é o melhor amigo do homem.
b.    (   ) O menino era o melhor amigo do cachorro.
c.    (   ) No final do texto percebe-se que o menino não era tão amigo assim do cachorro.
d.    (   ) O menino tinha muitos amigos.

5. Releia o trecho:

“Como poderia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça?”

Essa pergunta foi feita pelo filho para:

a.    (   ) A mãe.
b.    (   ) O leitor.
c.    (   ) Ele mesmo.
d.    (   ) O cachorro.

6. Releia o  trecho:

Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar, o jeito era procurar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:

a. O que a palavra grifada significa?

b. Quem o filho queria comover?

7. Releia o trecho:

- Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não faço mais nada.
- Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a costura.
- A senhora é ruim mesmo, não tem coração.
- Sua alma, sua palma.

A expressão grifada significa que:

a. (   ) A escolha é do filho, mas se ele teimar em tomar essa atitude terá que se responsabilizar pelas conseqüências.
b. (   ) Examinando sua palma podemos saber como é sua alma.
c. (   ) A mãe pouco se importa com as atitudes do filho.
d. (   ) O filho levaria umas palmadas.

8.    Releia o trecho:

“E lhe exibia uma nota de vinte e uma de dez : havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros” .

Para que servem  os dois pontos ( : )  utilizados pelo autor do texto nesse trecho?
a.    (   )  Para que o leitor descanse enquanto lê.
b.    (   )  Para anunciar que, em seguida, algum personagem irá falar.
c.    (   )  Para não ter que usar sempre a vírgula.
d.    (   )  Para explicar ao leitor como o menino conseguira o dinheiro.

A _ Responda:

1 – Quem são os personagens desta crônica?
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2 – Em que lugar se passa a história?
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3 – Como o menino resolveu agir para convencer a mãe a ficar com o filhote?
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4– Copie, do texto, os trechos em que a mãe demonstra seu desprezo pelo animalzinho.
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