CONTO O COMPADRE DA
MORTE ARARIBÁ 6º ANO
O conto que você vai ler a história de um homem que
conseguiu enganar a Morte.
1. Que artimanhas você imagina que ele arranjou para enganar
a Morte?
.....................................................................................................................................................................................................................................................
2. quem você acha que, afinal, vai vencer esse jogo?
....................................................................................................................
Diz que era uma
vez um homem que tinha tantos filhos que não achava mais quem fosse seu
compadre. Nascendo mais um filhinho, saiu para procurar quem o apadrinhasse e
depois de muito andar encontrou a Morte a quem convidou. A Morte aceitou e foi
a madrinha da criança. Quando acabou o batizado voltaram para casa e a madrinha
disse ao compadre:
- Compadre! Quero
fazer um presente ao meu afilhado e penso que é melhor enriquecer o pai. Você
vai ser médico de hoje em diante e nunca errará no que disser. Quando for
visitar um doente me verá sempre. Se eu estiver na cabeceira do enfermo,
receite até água pura que ele ficará bom. Se eu estiver nos pés, não faça nada
porque é um caso perdido.
O homem
assim fez. Botou aviso que era médico e ficou rico do dia para a noite porque
não errava. Olhava o doente e ia logo dizendo:
Quem ele tratava, ficava bom.
O homem nadava em dinheiro.
Vai um dia adoeceu o
filho do rei e este mandou buscar o médico, oferecendo uma riqueza pela vida do
príncipe. O homem foi e viu a Morte sentada nos pés da cama. Como não queria
perder a fama, resolveu enganar a comadre, e mandou que os criados virassem a
cama, os pés passaram para a cabeceira e a cabeceira para os pés. A Morte,
muito contrariada, foi-se embora, resmungando.
O médico estava em
casa um dia quando apareceu sua comadre e o convidou para visitá-la.
- Eu vou, disse o médico
- se você jurar que voltarei!
- Prometo! - disse a
Morte.
Levou o homem num
relâmpago até sua casa.
Tratou muito bem e
mostrou a casa toda. O médico viu um salão cheio-cheio de velas acessas, de
todos os tamanhos, uma já se apagando, outras viva, outras esmorecendo.
Perguntou o que era:
É a vida do homem. Cada
homem tem uma vela acessa. Quando a vela acaba, o homem morre.
O médico foi perguntando
pela vida dos amigos e conhecidos e vendo o estado das vidas. Até que lhe
palpitou perguntar pela sua. A Morte mostrou um cotoquinho no fim.
- Virgem Maria! Essa é
que é a minha? Então eu estou, morre-não-morre!
- Está com horas de vida e por isso
eu trouxe você para aqui como amigo mas você me fez jurar que voltaria e eu vou
levá-lo para você morrer em casa.
O médico quando deu acordo de
si estava na sua cama rodeado pela família. Chamou a comadre e pediu:
- Comadre, me faça o último favor.
Deixe eu rezar um Padre-Nosso. Não me leves antes. Jura?
- Juro -, prometeu a Morte.
O homem começou a rezar o Padre-Nosso que
estás no céu... E calou-se. Vai a Morte e diz:
- Vamos, compadre, reze o resto da oração!
- Nem pense nisso, comadre! Você jurou que
me dava tempo de rezar o Padre-Nosso mas eu não expliquei quanto tempo vai
durar minha reza. Vai durar anos e anos...
A Morte foi-se embora, zangada
pela sabedoria do compadre.
Anos e anos depois, o médico,
velhinho e engelhado, ia passeando nas suas grandes propriedades quando reparou
que os animais tinham furado a cerca e estragado o jardim, cheio de flores. O
homem, bem contrariado disse:
- Só queria morrer
para não ver uma miséria destas!...
Não fechou a
boca e a Morte bateu em cima, carregando-o. A gente pode enganar a Morte duas
vezes mas na terceira é enganado por ela.
(CASCUDO, Luís da Câmara.Contos
tradicionais do Brasil. Belo Horizonte; São Paulo, Itatiaia, Editora da
Universidade de São Paulo, 1986. Texto Adaptado)
Fonte: Livro: JORNADAS.port – Língua Portuguesa - Dileta Delmanto/Laiz
B. de Carvalho – 6º ano – Editora Saraiva. p.120 a 123.
1. Considerando as respostas que você deu antes de ler o
conto, suas expectativas foram confirmadas ou você se surpreendeu ao ler a
história?
...................................................................................................................................................................................................................................................
2. Por se ter tornado madrinha, a Morte resolveu presentear
o homem, pai de seu afilhado, tornando-o um homem rico.
a) Em sua opinião, esse foi um bom presente? Por que?
......................................................................................................................................................................................................................................................
b) E o que o homem precisava fazer para ganhar esse
presente?
..................................................................................................................................................................................................................................................
c) É possível dizer que o compadre se tornou realmente um
médico?
..................................................................................................................................................................................................................................................
3. Quando foi chamado pelo rei para ver o príncipe que
adoecera, o que fez o homem ao ver a Morte nos pés da cama? Por que ele teve
essa atitude?
...................................................................................................................................................................................................................................................
Essa atitude nos faz supor que o homem estava certo de que
poderia descumprir o trato. Você concorda com essa ideia de descumprir um trato
com alguém? Por quê?
.................................................................................................................................................................................................................................................
4. Releia a frase que encerra o conto.
A gente pode enganar a Morte duas vezes, mas na terceira é
enganado por ela.
Como o homem conseguiu tapear a Morte por duas vezes
seguidas? Descreva cada uma das situações.
..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
_ nem pense nisso, comadre! Você jurou que me dava tempo de
rezar o Padre Nosso, mas eu não expliquei quanto tempo ia durar minha reza. Vai
durar anos e anos...
A Morte foi embora,
zangada pela sabedoria do compadre.
Em sua opinião essa característica do compadre pode mesmo
ser considerada sabedoria? Justifique sua resposta.
..............................................................................................................................................................................................................................................................
6. No conto não foram usadas ou expressões para caracterizar
as personagens. De que forma é possível perceber, então, que o compadre é meio
enganador?
............................................................................................................................................................................................................................................................
DE OLHO NA CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS
7. Releia esse trecho do conto.
Quem ele tratava ficava bom. O homem nadava em dinheiro.
Qual o sentido da expressão “nadava em dinheiro”?
..................................................................................................................
8. Agora releia esta frase e escreva qual é o sentido dela.
Levou o homem num relâmpago até a sua casa.
...............................................................................................................................
9. Releia o trecho a seguir.
O médico foi perguntando pela vida dos amigos e conhecidos e
vendo o estado das vidas. Até que lhe palpitou perguntar pela sua.
A0 Qual o significado de “lhe palpitou”?
....................................................................................................................
b) Você conhecia esse uso do verbo palpitar?
...................................................................................................................
10. relei esta fala do homem que conversa com sua comadre.
_ Virgem Maria! Essa é a minha?! Então eu estou morre não
morre?!
a) Qual a função do ponto de exclamação depois de “Virgem
Maria”?
...................................................................................................................
b) Observe que as outras duas frases terminam com um ponto
de interrogação e um ponto de exclamação. Qual a função desses pontos juntos na
fala da personagem?
.................................................................................................................................................................................................................................................
11. Existe algum elemento que indique que o conto “O
compadre da Morte” faz parte da cultura brasileira?
.................................................................................................................................................................................................................................................
12. Em relação as personagens do conto responda.
a) Quem são as protagonistas?
....................................................................................................................
b) É possível saber o nome dessas personagens? De que forma
são chamadas pelo narrador do conto?
............................................................................................................................
c) Quais são as características psicológicas do homem?
...........................................................................................................................
13. O conto é uma
narrativa ficcional.
a) Copie do texto palavras e expressões que indicam o tempo
em que os fatos vão acontecendo.
...................................................................................................................................................................................................................................................
b) Qual é o tempo verbal predominante na história?
Justifique sua resposta com uma passagem do texto.
..................................................................................................................................................................................................................................................
c) Sabemos a data exata em que se passam os fatos narrados?
...........................................................................................
d) No conto o narrador participa da história? O foco
narrativo é em primeira ou terceira pessoa?
...............................................................................................................................
14. Alaíde Lisboa de oliveira não criou essa história; ela
apenas a ouviu e recontou. Quem seria então o autor desse conto popular?
...............................................................................................................................
15. há algum ensinamento transmitido por esse conto? Se sim,
qual?
..................................................................................................................................................................................................................................................
Os contos populares
ou tradicionais revelam as características e a visão de mundo de cada cultura. Eles
não têm autoria conhecida, pois surgiram no imaginário das pessoas e são
contados e recontados oralmente, de geração em geração, preservando a memória
de um povo ou grupo. Nesses contos, o tempo é indeterminado e eles geralmente
trazem um ensinamento.
Veja como a
ação está organizada em “O compadre da morte”.
Situação inicial –
O homem procura quem apadrinhe seu filhinho e encontra a Morte, que lhe dá de
presente um meio de se tornar rico.
Conflito – o filho
do rei adoece e vai morrer, e o homem não quer perder sua fama.
Clímax – o homem
vê na casa da morte a vela da sua vida já bem pequena.
Desfecho – o homem,
já velhinho, vendo seu jardim de flores estragado, diz que preferiria morrer ao
ver aquela miséria, e a Morte o leva.
O enredo – A forma
como os fatos são apresentados ao leitor constitui o enredo.
Em “O compadre da Morte” os momentos da ação (situação
inicial, conflito, clímax e desfecho) estão organizados em ordem linear, isto
é, são apresentados na ordem em que acontecem.
GABARITO:
1. Resposta pessoal.
2. a) Resposta pessoal.
b) O homem teria de fingir--se de médico e obedecer às ordens de
sua comadre, que se colocaria nos pés da cama, quando o doente seria um caso
perdido; ou na cabeceira, quando o doente se salvaria até com um simples copo
de água.
c) O compadre não se tornou um médico. Ele era ajudado pela Morte;
sem a ajuda sobrenatural dela, não seria possível saber se os pacientes viveriam
ou não.
3. Ao ver a morte nos pés da cama, o homem pede que seus criados
virem a cama do filho do rei, confundindo a Morte. Ele queria manter a fama e
ficar com a riqueza que o rei oferecia.
• Resposta pessoal.
4. Na primeira vez, o homem pede que seus criados virem a cama em que se
encontrava
o filho do rei, confundindo a
Morte, que já havia dado a sua sentença.
Na segunda vez, ele pede
para rezar um Padre-Nosso antes de morrer. A Morte concede o desejo, porém o
homem não conclui a oração.
5. Resposta pessoal.
6. As atitudes da personagem revelam também suas características.
DE OLHO NA CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS
7. Significa que tinha dinheiro de sobra, mais do que o
suficiente.
8. Rapidamente, num brevíssimo espaço de tempo.
9. a) Até que teve o palpite ou a ideia de perguntar pela sua.
b) Resposta pessoal.
10. a) Mostrar que o tamanho da vela causou espanto.
b) Interrogação seguida de exclamação mostra que, além de
questionar, a personagem
também está muito surpresa.
O CONTO POPULAR
11. Não. Este conto, assim como os contos populares, tem um
caráter universal. Suas personagens são figuras comuns reconhecidas em qualquer
lugar.
12. a) São duas personagens: o Compadre e a Morte.
b) Não. No texto, as personagens são chamadas pelo narrador
apenas de “o homem” e “a morte”.
c) Sua sabedoria está mais ligada à astúcia e à esperteza.
13. a) “Depois de muito andar”; “Quando acabou o
batizado”; “De hoje em diante”; “Vai um dia”; “Quando”; “Anos
e anos depois”.
b) É o pretérito: “O médico, quando deu acordo de si, estava
na sua casa rodeado pela família. Chamou a comadre e pediu”.
c) Não. O espaço é indeterminado e não é possível saber
precisamente quando e onde ocorre a história.
d) Não. O fato de o foco narrativo estar em terceira pessoa do
singular indica
que o narrador não é uma personagem,
mas sim um observador.
14. O conto popular não tem um autor. Trata-se de uma narrativa
que é contada de geração em geração.
15. Sim. Nesse conto o ensinamento é o de que a esperteza e a
malandragem não trazem favorecimentos ao malandro; não se pode enganar as
pessoas o tempo todo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário