GERAÇÃO CELULAR
Mal podemos
imaginar a vida dos adolescentes sem os telefones móveis: multifuncionais, eles
servem como gravadores de música, central de comunicação, símbolo de status –
cientistas estudam a relação dos jovens com esses aparelhos para compreender o
comportamento de grupos e desvendar interesses
Revista Mente e
Cérebro - junho de 2009 , por Annete Schäfer.
Nos dias de
hoje, encontrar um adolescente que não tenha um celular é tão improvável quanto
achar um menino de 13 anos que seja fã de ópera ou uma menina de 15 que não se
preocupe com a aparência. Nenhum grupo incorporou tão rápida e amplamente a
tecnologia à sua rotina quanto os jovens de 12 a 19 anos. [...]
Mas qual o
efeito causado pelo uso constante desses aparelhos nos relacionamentos e no
comportamento? Nos últimos anos, cientistas alemães estudaram essa questão
minuciosamente e por meio de entrevistas com adolescentes e seus pais –
observando atitudes dos estudantes na escola, linguagem e conteúdo de mensagens
enviadas e recebidas – foi possível mapear o “comportamento telefônico” dos
grupos. Os pesquisadores constataram que os celulares mudaram a vida dos
adolescentes sob vários aspectos – muitos deles para melhor. Um exemplo disso
foi na organização do dia. Assim como para os adultos, o celular ajuda os
adolescentes a manter o controle da sua vida: é possível informar os pais de
que estão saindo da aula, avisar sobre seus planos para a tarde, marcar
atividades escolares e lúdicas – tudo simultaneamente. [...]
A maioria dos
jovens que usam celulares concorda que é importante seguir algumas regras, que
entre pessoas de outras faixas etárias poderiam ser facilmente contestadas. Por
exemplo, julgam grosseiro não enviar uma resposta rápida para um recado deixado
na caixa postal ou um SMS (short message service, em inglês): um
“atraso” de 20 a 40 minutos ainda é aceitável – mais que isso costuma ser tomado como falta
de educação. Mais: o celular pode (e deve) ser utilizado a toda hora e em
qualquer lugar. Muitas vezes, no caminho da escola para casa, eles ligam para
os amigos com quem acabaram de passar a manhã. [...]
A professora de
psicologia Nicola Döring, da Universidade Técnica de Ilmenau, na Alemanha,
analisou o conteúdo de mil mensagens instantâneas. Os resultados mostram que os
jovens não usam o celular apenas para a troca de informações objetivas, mas
para participar da rotina do outro, expressar proximidade, afeto e dar vazão
aos sentimentos. Segundo estudo norueguês de 2005, feito com aproximadamente 12
mil jovens, com idade entre 13 e 19 anos, a troca de carinhos virtuais é
considerada por eles como essencial para seus relacionamentos e parece
funcionar como uma espécie de “reanimador”: os resultados mostraram que, quanto
mais um adolescente telefonava ou mais mensagens escrevia, menor a
possibilidade de se sentir solitário. [...]
O advento do
celular também mudou relacionamentos familiares e despertou controvérsias. Por
um lado, existem questões bem práticas a ser relevadas, como o valor da conta
no final do mês [...]. Por outro, o celular interfere na estrutura de poder
entre pais e filhos. Na puberdade, o desejo parental de controle e a
necessidade de liberdade dos adolescentes entram inevitavelmente em conflito.
Isso acontece em todas as gerações – o celular, porém, modificou a forma como
esses impasses são resolvidos. Assim, o limite entre estar em casa e estar fora
torna-se confuso. Um jovem com celular próprio pode entrar em contato com seus
amigos a qualquer momento e em qualquer lugar sem a interferência dos pais. E
estes, por sua vez, podem participar mais intensamente da vida de seus filhos.
O telefone
móvel ainda pode ter outras graves consequências para os jovens. Como ocorre
com toda nova tecnologia, existe o risco de abuso. Alguns estudos isolados
indicam que jovens podem desenvolver dependência do celular. Em uma pesquisa
americana feita em 2005, foi pedido a 102 universitários que passassem dois dias
inteiros sem usar o aparelho. Apenas 82 concordaram e somente 12 conseguiram
chegar ao fim da experiência. [...]
Adaptado de
http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/geracao_celular.html Acesso em 06
03 2016.
1- No primeiro parágrafo, destaque os termos que estabelecem
uma relação de comparação.
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2- Explique o significado do uso das aspas nos seguintes
trechos do texto:
a)”[...] foi possível mapear o “comportamento telefônico”
dos grupos.” - _______________________________________________________________
b) ‘[...] parece funcionar como uma espécie de “reanimador”:
‘ - _______________________________________________________________
3- Qual o significado da palavra destacada no trecho: “Na
puberdade, o desejo parental de controle e a necessidade de liberdade
dos adolescentes [...].”
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4- Segundo o texto, qual o efeito, no jovem, da troca de
mensagens pelo celular?
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5- No penúltimo parágrafo do texto, sublinhe o trecho em que
são colocadas em paralelo duas controvérsias quanto ao uso do celular e as
relações familiares: questões práticas / estrutura de poder entre pais e
filhos. Que expressão liga essas ideias, construindo o paralelismo e estabelecendo
uma relação de oposição?
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6- Releia os trechos:
“Por exemplo, julgam grosseiro não enviar uma resposta
rápida para um recado deixado na caixa postal ou um SMS (short message
service, em inglês): um “atraso” de 20 a 40 minutos ainda é aceitável –
mais que isso costuma ser tomado como falta de educação.”
“Muitas vezes, no caminho da escola para casa, eles ligam
para os amigos com quem acabaram de passar a manhã.”
Explique em qual dos trechos há um fato e em qual há uma
opinião.
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