Crônica Interpretação - Tatuagem
- Moacyr Scliar
Aqui o texto está completo,
elaborei algumas questões e usei uma de alternativa retirada de uma prova da
prefeitura do Rio.
http://textoemmovimento.blogspot.com.br/2015/12/cronica-interpretacao-tatuagem-moacyr.html
Tatuagem
Enfermeira inglesa de 78 anos
manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a manobras de
ressuscitação em caso de parada cardíaca. Mundo Online, 4.fev.2003
Ela não era enfermeira (era secretária),
não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78 anos, mas sim 42: bela mulher,
muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa. Foi procurar um
tatuador, com o recorte da notícia. O homem não comentou: perguntou apenas o
que era para ser tatuado.
- É bom você anotar -disse ela- porque não
será uma mensagem tão curta como essa da inglesa.
Ele apanhou um caderno e um lápis e
dispôs-se a anotar.
- "Em caso de que eu tenha uma parada
cardíaca" -ditou ela-, "favor não proceder à ressuscitação".
Uma pausa, e ela continuou:
- "E não procedam à ressuscitação,
porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos."
Ele continuou escrevendo, sem dizer nada.
Era pago para tatuar, e quanto mais coisas tatuasse, mais ganharia.
Ela continuou falando. Agora voltava à sua
infância pobre; falava no sacrifício que fora para ela estudar. Contava do
rapaz que conhecera num baile de subúrbio, tão pobre quanto ela, tão
esperançoso quanto ela. Descrevia os tempos de namoro, o noivado, o casamento,
o nascimento dos dois filhos, agora grandes e morando em outra cidade. Àquela
altura o tatuador, homem vivido, já tinha adivinhado como terminaria a
história: sem dúvida ela fora abandonada pelo marido, que a trocara por alguma
mulher mais jovem e mais bonita. E antes que ela contasse sua tragédia resolveu
interrompê-la. Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo que a senhora me
contou, eu precisaria de mais três ou quatro mulheres.
Ela começou a chorar. Ele consolou-a como
pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma coisa num bar ali perto.
Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão
muito bem. Ela sente um pouco de ciúmes quando ele é procurado por belas
garotas, mas sabe que isso é, afinal, o seu trabalho. Além disso, ele fez uma
tatuagem especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico, o clássico coração
atravessado por uma flecha, com os nomes de ambos. Mas cada vez que ela vê essa
tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada, e como
se estivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.
Moacyr Scliar – Folha de São Paulo
– 10/03/2003
Interpretação
1.O cronista se inspirou em um fato real.
a) Qual é o fato?
b) De onde foi
retirado?
2. O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a
secretária
( ) ser mais jovem
que a mulher da notícia. (
) concluir que a vida não vale a pena.
( ) achar romântica a
história da enfermeira ( ) ter se envolvido com o tatuador.
3. Quais as diferenças apontadas pelo narrador entre a
mulher da notícia e a mulher da crônica?
4. Transcreva o trecho que mostra como o tatuador imaginava
o final da história que a mulher lhe contava.
5. Qual foi a tatuagem especial que o tatuador fez em seu
próprio peito para a secretária?
6. Relacione:
(1) Situação inicial
(2) Conflito (3)
Desenvolvimento (4) Clímax (5) Desfecho
( ) Os dois vivem
juntos, ele fez uma tatuagem no peito e cada vez que ela vê, se sente ressuscitada.
( ) Uma mulher
procura um tatuador após ler uma notícia de uma enfermeira que tatuou uma frase
inusitada.
( ) A mulher acha que a vida não vale a pena e quer uma
tatuagem semelhante a da enfermeira "Em caso de que eu tenha uma parada
cardíaca" -ditou ela-, "favor não proceder à ressuscitação".
( ) A secretária começa a contar sua história
infeliz para o tatuador. Ele a interrompe pois já sabia como terminaria,
( ) Ela chora, ele a
conforta como pôde e convida-a para tomar alguma coisa.
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