ROMANCE O MENINO SEM IMAGINAÇÃO PARTE II 9º ANO TECENDO
[...I
- Você não
diz que lembra de tudo o que vê na televisão? Então. Feche os olhos e faz de
conta que a televisão está dentro de você. Pega os programas que quiser na sua
telinha interior.
Fechei os olhos e só então percebi que lembrava apenas de
cenas fragmentadas, nunca dos programas inteiros, como tinham ido ao ar.
- O que
estiver faltando - disse ela - você completa com sua imaginação!
Era impossível: eu -via" uma cena ou duas ou três, e
quando elas acabavam minha cabeça não sabia para onde ir. Antes que minha irmã
começasse a desconfiar da minha falta de imaginação, resolvi parar:
- Escuta, mana, não precisa se preocupar comigo. Faz de
conta que não estou aqui; faz de conta que só volto quando a televisão entrar
no ar. tá?
[...]
Na sala todos procuravam fingir indiferença diante da falta
de televisão. Papai ouvia música clássica, recolhido ao seu silêncio
costumeiro, mas de vez em quando abria um olho na direção da Fantástica sobre o
aparador. Titia lia jornal sem mudar de página e volta e meia aproximava o
ouvido do radinho de vovô para escutar as notícias. Vovô era o único que
parecia realmente despreocupado: de radinho na mão, viajava de volta à sua
juventude.
Mamãe escondia sua ansiedade no telefone, onde se pendurou
desde que saiu da mesa. Ela é fanática por telenovelas: vê reprises, lê os
resumos dos capítulos, sabe tudo o que vai acontecer e conversa mais com os
personagens do que com papai. Depois de mim, ela é a pessoa que passa mais
tempo na frente da televisão; diferente de papai, que só aparece para ver
esportes, e da mana, que só assiste a esses programas do mundo animal para
ficar perguntando se a gente sabe como se reproduz o ornitorrinco.
-
Tavinho! Tive uma ideia! Corre lã no videoclube
do shopping e pega um filme pra gente assistir.
Eu não suporto fita de vídeo. Ninguém entende como eu,
gostando tanto de televisão, detesto essas fitas. Explico: os vídeos não têm
vida própria, vivem de explorar a televisão. Minha irmã diz que o videocassete
está para a televisão como o boneco do ventríloquo para o ventríloquo. Faltam
canais ao vídeo, faltam comerciais, atualidade, variedade e sobretudo a
vibração dos televisores.
A ideia de mamãe, porém, foi muito bem recebida por todos e
até Maria surgiu na sala com cara de sono. Acho que na falta de televisão todo
mundo sentiu vontade de olhar para a telinha.
-
Que gênero, mãe?
Ela tornou a segurar o fone, aflita:
-
Qualquer um, drama, comédia, policial. Traz uns
três! Não, traz cinco! Chama sua irmã para ir com você! Espera! Pega uns dez!
NOVAES, Carlos Eduardo. O menino
sem imaginação.
6. ed. São Paulo: Ática, 1997
1.Dentre todos os personagens, quem mais sofre com a falta
da televisão? E quem não sente falta nenhuma dela? Por quê? Justifique sua
resposta.
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2. Para consolar Tavinho, a irmã decide inventar uma
brincadeira. Explique como funciona a brincadeira proposta por ela e como isso
poderia ajudar o menino.
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3.Em sua opinião, isso realmente poderia funcionar? E na
história, funcionou?
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4. O autor
Carlos Eduardo Novaes publicou o romance O menino sem imaginação em 1993. Se o
livro fosse escrito hoje, você acha que a TV continuaria sendo a responsável
pela falta de imaginação de Tavinho? Por quê?
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5. Na década de
1990, a televisão era considerada por muitas pessoas uma das principais formas
de entretenimento. Em sua opinião, ela continua a ocupar essa posição?
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6. Desde a época em que o romance foi publicado, surgiram
novas possibilidades de entretenimento, principalmente relacionadas à
tecnologia. Cite um exemplo de uma forma atual de entretenimento.
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Gabarito?
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